Uma
descoberta importante para a ciência brasileira e, especialmente, para o
conhecimento da fauna da Caatinga, acaba de ser publicada no periódico
científico Acta Limnologica Brasiliensia, voltado à limnologia e ao estudo de
ecossistemas aquáticos continentais da América do Sul. O artigo, intitulado “First
record of Melanorivulus
decoratus (Costa, 1989) (Cyprinodontiformes:
Rivulidae) in the lower‑middle São Francisco River, Brazil”, apresenta o primeiro registro da ocorrência
do peixe Melanorivulus decoratus no trecho submédio do Rio São
Francisco, em Pernambuco.
Esse
artigo está assinado pelos pesquisadores Augusto Luís Bentinho Silva, Giancarlo
Arraes Galvão, Silvia Maria Millan Gutierre, Luanny Rainy de Almeida Silva,
Luiz Cezar Machado Pereira e Patricia Avello Nicola, todos vinculados ao
Laboratório de Ictiologia do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da
Caatinga (Cemafauna), situado na Universidade Federal do Vale do São Francisco
(Univasf), sendo os dois últimos coordenadores do Centro. O estudo documenta a
presença de dois exemplares da espécie no município de Cabrobó (PE), a uma
distância de cerca de 450 quilômetros do local mais próximo onde ela havia sido
registrada anteriormente, no médio São Francisco, na Bahia. O achado foi feito
em janeiro de 2018, e os exemplares, medindo 10 e 14 milímetros, foram
devidamente preservados e catalogados no acervo do Museu de Fauna da Caatinga.
O
principal objetivo do trabalho foi ampliar o conhecimento sobre a distribuição
geográfica de M. decoratus, espécie endêmica da bacia do São Francisco,
popularmente conhecida como peixe-anual ou peixe-anual-decorado. Esse tipo de
informação é essencial para subsidiar políticas públicas de conservação,
especialmente em regiões que sofreram alterações ambientais intensas, como o
submédio do rio, alterado por grandes empreendimentos hídricos, a exemplo do
Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) executado pelo Ministério da
Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR).
Embora
atualmente classificada como de “menor preocupação” na lista de espécies
ameaçadas do ICMBio, a M. decoratus pertence à família Rivulidae, um grupo
que representa cerca de 40% dos peixes de água doce considerados vulneráveis à
extinção no Brasil. Isso reforça a importância do monitoramento contínuo e da
produção científica voltada à ictiofauna da Caatinga, bioma ainda pouco
explorado em termos de biodiversidade aquática. "Esse registro é mais do
que uma ampliação da área de ocorrência de uma espécie; ele reforça o quanto
ainda há para descobrir sobre a ictiofauna da Caatinga. Nosso compromisso é
continuar investigando, documentando e contribuindo para a conservação da fauna
aquática do Semiárido”, destaca a coordenadora do Cemafauna, a professora
doutora Patricia Nicola.
O
artigo está disponível online, com acesso gratuito, na plataforma SciELO por
meio do link a seguir: https://www.scielo.br/j/alb/a/7yqKBmTvQMBbVn96Gkx3kXJ/?lang=en
Texto:
Jaquelyne Costa
Assessora
de Comunicação do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga
(Cemafauna/Univasf)
Fotos: Arquivo/Cemafauna
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