Familiares e amigos da comunidade quilombola de
Alagadiço, em Juazeiro, norte do estado, vieram a Salvador pedir justiça pela
morte de José William Santos Barros (27), assassinado durante uma ação policial
ocorrida no último dia 27 de agosto. O grupo participou do Grito dos Excluídos,
nesta quinta-feira (7), e da Quinta da Vigília, ato que está acontecendo toda
quinta-feira, na Igreja São Francisco de Assis, em defesa dos povos preto,
quilombolas e indígenas.
Segundo carta aberta à sociedade divulgada pela
comunidade quilombola, a morte aconteceu durante um campeonato de futebol na
comunidade. “Willian estava andando de moto e foi atingido por disparos
efeituados por policiais. Exigimos uma investigação completa e imparcial. Não
queremos apenas solidariedade, mas justiça e mais medidas de segurança no nosso
estado”, declarou Lindsey laianne dos Santos Barbosa, coordenadora da
Associação Quilombo de Alagadiço.
Para o movimento negro da Bahia, a morte do jovem Willian
reforça a urgência da implantação de câmeras nos fardamentos das polícias da
Bahia. No dia 1º de setembro, representantes do Movimento Negro Unificado (MNU)
se reuniram com o desembargador Lidivaldo Reaiche Raimundo Britto, no Tribunal
de Justiça (TJ), para pedir agilidade na implantação das câmeras e a realização
de um seminário sobre Segurança Pública, entre outras ações de combate à
violência policial no estado.
“Já existem pesquisas no Brasil que provam que nos
estados em que as polícias já usam as câmeras houve uma redução drástica de
mortes em ações policiais, além da redução da violência nas abordagens. Além
disso, a Bahia é o estado com maior número de mortes por violência policial e
mortes de pessoas negras. Então, é urgente garantir medidas de segurança para a
nossa população negra e periférica”, declarou o coordenador de Relações
Institucionais do MNU, Ademário Costa.
Quinta da Vigília
O ato começou no dia 31 de agosto e vai até
novembro, completando 11 vigílias em homenagem e por justiça ao mesmo número de
quilombolas assassinados nos últimos dez anos na Bahia. Na próxima quinta-feira
(14), às 18h, será a terceira vigília e contará com a presença dos familiares
de mais um quilombola assassinado no estado.
A Quinta da Vigília, assim como outros atos e ações
em defesa dos povos tradicionais da Bahia, estão sendo realizados pela
EDUCAFRO, o Coletivo Resistência Preta, a Associação dos Grêmios Estudantis de
Salvador, União Estadual de Estudantes (UEE) e o Movimento Negro Unificado
(MNU), entre outros.
Fotos: Gilney Campodonio
Luciana Rosa
Jornalista
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