Pesquisadores e revistas especializadas desmentem redução da população dos insetos selvagens na ordem de 96% declarada pela Oxitec na cidade baiana.
No Brasil, os testes com mosquitos transgênicos foram iniciados em maio de 2011, no Itaberaba, em Juazeiro, na Bahia, quando foram liberados Aedes até outubro de 2012. De março daquele mesmo ano até dezembro de 2013, o distrito de Mandacaru, na mesma Juazeiro, foi incluído nos testes.
Os mosquitos transgênicos liberados pela Oxitec em bairros de Jacobina e Juazeiro (BA), Piracicaba (SP) e Juiz de Fora (MG), com a promessa de reduzir as populações do Aedes aegipti transmissor do vírus da dengue, zika e chikungunya, não funcionam, são caros e colocam a saúde da população em risco. O alerta é do observatório britânico GeneWatch, especializado em pesquisas, políticas e ações envolvendo organismos geneticamente modificados.
Em extenso relatório divulgado no Brasil – Mosquitos Aedes transgênicos da Oxitec: Será que funcionam mesmo? –, os pesquisadores advertem gestores, parlamentares, promotores de Justiça, especialistas e integrantes de conselhos de saúde e meio ambiente sobre a tecnologia desenvolvida pela empresa atualmente controlada pela corporação norte-americana de biotecnologia Intrexon.
Por meio de ferramenta legal de acesso à informação, pesquisadores da GeneWatch obtiveram cópias de e-mails trocados entre gestores de saúde das Ilhas Cayman, território britânico no Caribe, e representantes da Oxitec, empresa que opera também no arquipélago.
Os dados coletados foram então confrontados com informações divulgadas pela própria companhia em meios de comunicação, no site oficial e também em audiências públicas, como no Congresso dos Estados Unidos. A organização analisou ainda resultados de pouquíssimos artigos publicados a respeito em periódicos científicos, que apresentaram lacunas e inconsistências.
É o caso daqueles referentes às experiências realizadas no bairro Itaberaba, em Juazeiro, onde foram liberados Aedes transgênicos em outubro de 2012. Segundo a Oxitec, a redução na população dos insetos selvagens da ordem de 96% – o que foi desmentido por pesquisadores e contestado por revistas especializadas.
Com 22 páginas, o relatório da GeneWatch reúne também mensagens que apontam para a maneira como a empresa pressiona os clientes. No caso da Ilhas Cayman, havia a cobrança de US$ 8 milhões para a soltura de insetos transgênicos ao longo de três anos.
Clique aqui para acessar o relatório na íntegra, em português.
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