O mais recente boletim do ICMBio confirma: as 11 ararinhas-azuis que haviam sido reintroduzidas na natureza em Curaçá (BA) foram recapturadas no dia 2 de novembro para testagem e testaram positivo para circovírus.
Com os novos diagnósticos, o total de aves infectadas atinge 31 indivíduos — entre os que viviam livres e os que já estavam em cativeiro — dentro do criadouro conservacionista, que abriga 103 ararinhas-azuis.
O que é o circovírus e por que a ararinha-azul está em risco
O circovírus é o agente causador da chamada “Doença do Bico e das Penas dos Psitacídeos” (PBFD, em inglês), considerada altamente contagiosa, sem tratamento conhecido e com potencial fatal. Entre os sintomas estão perda de penas, deformações no bico, imunossupressão e morte — mesmo aves assintomáticas podem transmitir o vírus.
Especialistas alertam que este é o primeiro surto confirmado de PBFD em aves silvestres no Brasil envolvendo a ararinha-azul. A descoberta representa um duro revés para o projeto de reintrodução da espécie na Caatinga, que só havia sido possível graças a décadas de esforço de conservação.
Consequências para o programa de reintrodução e para a biodiversidade
Devido à gravidade da situação, o ICMBio e parceiros suspenderam novas solturas previstas e adotaram um plano emergencial de contenção. O protocolo inclui: isolamento de aves contaminadas, triagem e testes periódicos, descontaminação de recintos, comedouros e poleiros, além do recolhimento das aves em liberdade para exames e monitoramento atento.
A situação preocupa profundamente os conservacionistas. A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) já era considerada extinta na natureza há décadas e sua reintrodução vinha sendo tratada como um símbolo de esperança para a recuperação da biodiversidade da Caatinga. Este surto coloca em risco todo esse trabalho e evidencia a vulnerabilidade de espécies reintroduzidas quando expostas a patógenos exóticos.
A urgência de biossegurança e vigilância contínua
Com a confirmação da contaminação, autoridades ambientais e especialistas reforçam a necessidade de ações rigorosas de biossegurança e monitoramento constante. Entre as medidas essenciais estão: quarentena para novos animais, descontaminação de ambientes e materiais, triagem periódica de todos os psitacídeos em cativeiro e em vida livre, além de evitar mistura entre populações de diferentes origens.
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