As serpentes despertam medo, fascínio e
muitas vezes desinformação. No entanto, conhecer esses animais pode ser a chave
para salvar vidas — especialmente no meio rural, onde o risco de acidentes é
maior. Com esse propósito, o projeto de extensão “Serpentes Peçonhentas do
Semiárido Nordestino: Reconhecimento, Prevenção e Procedimentos em caso de
Acidentes” foi aprovado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal
do Vale do São Francisco (UNIVASF), e será executado em parceria com o Centro
de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna) junto às escolas
públicas localizadas nos núcleos habitacionais dos projetos públicos de
irrigação (N1 a N8), no município de Petrolina-PE.
A ação é coordenada pelo professor Dr.
Leonardo Barros Ribeiro, do Colegiado de Ciências Biológicas e integrante do
Cemafauna, com apoio institucional do próprio Centro. Entre os meses de maio e
dezembro de 2025, cerca de mil estudantes da zona rural e seus professores
participarão de palestras, oficinas, atividades práticas e receberão materiais
educativos digitais voltados ao reconhecimento de serpentes de importância
médica, prevenção de acidentes ofídicos e fortalecimento da educação ambiental.
A proposta surge diante de um problema
de saúde pública ainda subestimado: os acidentes ofídicos, responsáveis por
mais de 32 mil casos anuais no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde.
Com maior incidência em trabalhadores rurais, essas ocorrências estão
associadas à falta de informação, hábitos culturais e ao desconhecimento sobre
como agir em caso de picadas, o que agrava os riscos à vida.
Além de ensinar a reconhecer as
principais espécies peçonhentas da Caatinga, como jararacas, cascavéis e
corais-verdadeiras, o projeto também busca desmistificar crenças populares
nocivas à recuperação das vítimas, como o mito de ingerir bebida alcoólica após
um acidente. “Há práticas que, ao invés de ajudar, colocam ainda mais em risco
a vida da pessoa”, alerta o professor Leonardo Ribeiro. O projeto contará ainda
com oficinas que utilizarão exemplares conservados em via úmida (álcool 70%) da
Coleção Científica de Herpetofauna do Museu de Fauna da Caatinga, além de
equipamentos de segurança rural, para ilustrar boas práticas preventivas.
Ao fim das ações, será produzida uma
cartilha digital de linguagem acessível para ser distribuída nas escolas
participantes. Nela, os estudantes encontrarão informações sobre prevenção,
identificação de espécies e o que fazer, além do que evitar em casos de
acidentes com serpentes. O projeto também conta com a participação da bolsista
Jenifer Araujo Santos e estudantes voluntários dos cursos de Ciências
Biológicas e áreas afins, fortalecendo a integração entre ensino, pesquisa e
extensão.
Texto: Jaquelyne Costa
Assessora de Comunicação do Centro de
Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna), do Núcleo de Ecologia e
Monitoramento Ambiental (NEMA) e do Centro de Estudos em Biologia Vegetal
(CEBIVE) - Univasf
Fotos: Arquivo/ Prof. Dr. Leonardo
Ribeiro
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