Entre
janeiro de 2019 e junho de 2024, a Bahia registrou 48.440 internações por
infarto agudo do miocárdio, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado
da Bahia (Sesab). O número de mortes atribuídas à doença atingiu 31.398 desde
2019 até 29 de agosto deste ano, o que traz um cenário de atenção para o
diagnóstico precoce e preciso, além dos cuidados preventivos na saúde.
Houve
um aumento de 25% nas internações por infarto no Brasil nos últimos seis anos,
segundo dados do DATASUS. Em entrevista ao Portal A TARDE, a médica
cardiologista do Sabin Diagnóstico e Saúde, Kátia Martins, explica que a
pandemia pode ter influenciado nesse número.
“A
gente está observando dois fatores pós pandemia. Provavelmente as pessoas mais
sedentárias ficaram em casa confinadas, sem fazer exercício, a população também
envelhecida, fora hábitos de vida não saudáveis, podem ter justificado esse aumento
no número de internações”, disse.
De
acordo com a cardiologista, a faixa etária recomendada para a realização de um
check up anual em pacientes sem sintomas ou histórico familiar é de 40 anos
para homens e 45 para mulheres.
“Caso
tenha histórico familiar, componente de primeiro grau, um pai, uma avó que teve
doença cardiovascular, essa avaliação deve ser antes dos 40 anos, a partir dos
30 já deve avaliar. podendo ser a partir dos trinta anos a gente já é
avaliado”, pontuou.
Segundo
a médica, existem fatores de risco que podem ou não ser modificados. A idade
avançada, o sexo masculino e a raça negra são as principais causas que não
podem ser alteradas e possuem tendência a um risco cardiovascular aumentado.
“O que
a gente pode mudar são os fatores de hipertensão, diabetes, colesterol alto,
sedentarismo, obesidade, sono ruim, alimentação ruim. Então, se você tem um
paciente hipertenso, ele será aconselhado a cuidar da hipertensão arterial,
desde uma dieta saudável, com pouco sal, pouco açúcar, pouca gordura saturada,
evitar alimentos ultraprocessados, preferir peixes, vegetais, carne vermelha
com moderação, e muitas fibras. Fora isso, fez a avaliação com o cardiologista,
tem que usar o remédio regularmente. A aderência ao tratamento é importante, a
gente sabe que um paciente que é hipertenso e usa o remédio corretamente,
diminui o risco de ter uma doença cardiovascular como infarto, aneurisma, AVC,
dissecção da aorta”, descreve.
Os
pacientes com diabetes têm um risco três vezes maior de eventos cardiovasculares,
complementa a Dra. Kátia. Além disso, o tabagismo é a doença que chama atenção
dos cardiologistas nessa prevenção.
“O
tabagismo aumenta três vezes o risco em homem e seis vezes em mulher. Quando
associado com diabetes, hipertensão ou colesterol alto, triplica, fica
parecendo nitroglicerina. Então, se você fuma e tem outros fatores, a
possibilidade de ter eventos cardíacos é mais de 40%, só não sabe quando vai
ter. É largar ou largar, não tem como a gente negociar’’, comenta.
Quais
exames indicados?
A
especialista explica que uma das formas de verificar a saúde do coração é por
meio de exames de imagem, a exemplo do ecocardiograma.
“O
ecocardiograma é um tipo de exame ultrassonográfico que permite determinar o
tamanho do coração, avalia a força com que ele está batendo, o funcionamento
das suas valvas, dentre outras informações, auxiliando no diagnóstico e
tratamento precoce de várias doenças cardíacas. Esta análise é feita em tempo
real e os resultados são liberados imediatamente ao médico assistente”, destaca
a especialista.
Ela acrescenta que o exame é indicado para qualquer situação que haja suspeita
de doença cardíaca ou com a confirmação dela, assim como para prevenção
primária em indivíduos com fatores de risco para doenças cardíacas, como
hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e infarto precoce na família.
Também deve ser realizado rotineiramente durante quimioterapia ou radioterapia
e na vigência de doenças sistêmicas que possam acometer o coração.
‘’O
paciente que chega para o ecocardiograma pode ir para uma avaliação funcional,
como uma atividade física, correr ou entrar na academia. Esse ecocardiograma
vai ser para avaliar se você tem algum defeito congênito, se tem alguma
alteração estrutural no coração, alguma alteração valvular, se você vem com o
coração crescido ou frágil. Esse exame é bom para avaliar a parte estrutural do
coração, é um ultrassom que vai mostrar quanto de volume esse coração está
injetando, quanto está trabalhando, como é que está o peso dele’’, ressalta.
O
ecocardiograma permite diagnosticar doenças valvares, como estenoses ou
insuficiências, doenças do músculo cardíaco que cursam com o aumento do coração
e queda da função ventricular (miocardiopatias), hipertrofias ou infiltração do
músculo, doenças congênitas, cicatrizes de infarto do miocárdio, aneurismas ou
dissecções de aorta, trombos ou tumores cardíacos, entre outras patologias,
algumas assintomáticas ou sem sinais clínicos evidentes.
O
tipo mais comum é o ecocardiograma transtorácico, que é um procedimento não invasivo.
“Neste tipo, o exame é realizado colocando o aparelho de ultrassom em contato
com o tórax do paciente para avaliar as estruturas e o funcionamento do
coração”, detalha a médica.
Ela esclarece que existem outras modalidades para situações específicas, como o
ecocardiograma transesofágico e o ecocardiograma sob estresse. “No primeiro, o
exame é realizado como se fosse uma endoscopia. Normalmente, o paciente é
submetido a uma sedação leve e uma sonda é passada pela boca até o esôfago, de
forma que é possível avaliar o coração bem de perto e mais detalhadamente”,
informa.
A
realização de um ecocardiograma deve sempre ser precedida por uma avaliação
médica detalhada. A cardiologista enfatiza a importância de realizar esses
exames como parte de um acompanhamento regular da saúde cardiovascular,
especialmente para indivíduos com histórico de doenças cardíacas.
A
cardiologista destacou também orientações necessárias para melhorar a qualidade
de vida e reduzir riscos futuros, envolvendo o sono e exercícios. Além disso,
ela enfatizou a prática regular de atividade física não só para combate da
hipertensão, mas também para contribuir significativamente na saúde vascular a
longo prazo.
‘’Investir
na qualidade do sono, evitar o celular, o computador antes de dormir, pelo
menos uma hora antes, diminuir as luzes do quarto que você possa ter um melhor
nível de melatonina sérica. Se ronca, se tem apneia do sono, tem que procurar
um especialista para resolver esse problema. Isso vai reduzir os riscos ao
longo da vida, investindo no hoje. Quando você faz atividade física, você
melhora a hipertensão, você está investindo na sua saúde vascular do futuro é
importantíssimo’’, pontua a Dra. Kátia.
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