O Brasileiro como já sabemos
vive de fila em fila. Se vai ao banco, lá tem fila. Se vai ao médico, tem fila.
No açougue, é raro não ter uma fila para comprar carne. Nas prefeituras tem
fila para tudo, mesmo que o prefeito, os secretários ou os atendentes não
estejam no local, mesmo assim, alguém coordena a chegada de cada pessoa para
que ninguém tente passar na frente. Em todas elas há reclamações de atrasos.
Mas há uma fila democrática e
que ninguém se aventura a furar e passar na frente, é a fila nas lotéricas. Eu
mesmo já vi brigas em muitas filas de pessoas que querem dar um jeitinho e
passar na frente, mas nas das lotéricas eu nunca vi.
E elas são as mais silenciosas. As pessoas nestas filas ficam
caladas, quase nunca abrem a boca. É verdade, vez ou outra aparecem duas
pessoas conhecidas e falam entre si. Mas baixinho parecendo não querer
incomodar.
Ontem mesmo eu fui à lotérica
aqui da minha cidade fazer “uma fezinha”. Vai que eu estou com crédito lá em
cima e Deus opera mais um milagre em minha vida e aqueles milhões vem tudo pra
mim.
Destoando das filas de
lotéricas, ontem tinha um homem, me parecia que tinha tomado água dura além do
permitido para o corpo. Estava falando pelos cotovelos. Éramos, desde que eu
cheguei na fila, umas 15 pessoas, e chegavam mais outras. E o cabra paquerava
as mulheres, que levavam tudo na brincadeira e sorriam. Ele falou até da
eleição de Trump que ganhou da Kamala Harris. Naquele momento acertou o número
de delegados de cada um dos dois.
E ao mesmo tempo que falava uma
outra coisa, lembrava que “2026 vem ai. Segura que Lula vem aí.” As pessoas
riam, se olhavam, mas há nestes momentos a certeza de que o Brasil ainda vai
precisar de Luiz Inácio na próxima eleição.
A fila anda, mas só quando
temos para onde ir.
Por: Dimas Roque.
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