A opção preferencial pelos
pobres reivindicada pela Teologia da Libertação, movimento que surgiu nos anos
60 após o Sínodo Mundial dos Bispos Católicos em 1971 em Roma, se popularizou
no Brasil no final dos anos 70 e início dos anos 80 dentro dos grupos jovens da
Igreja Católica que viviam um momento de ruptura entre a Ditadura Militar
imposta ao país em 1964 e os movimentos sociais e políticos. Mas esse movimento
não se limitou à Igreja Católica; no Protestantismo da América Latina surgiram
seguidores da Teologia da Libertação. A expressão “Jesus é de esquerda” já foi
pronunciada, escrita e dita ao “pé do ouvido” daquelas pessoas que hoje em dia
vivem o evangelho segundo o pastor da sua igreja sem se preocupar em estudar a
vida de Cristo profundamente como está escrita no livro sagrado, a Bíblia. Eu
mesmo já repeti a frase “Jesus é de esquerda” tantas vezes para evangélicos que
nem me lembro mais a quantidade e, mesmo assim, são poucos os que concordaram
com a minha afirmação muito antes do Presidente Lula fazer a mesma afirmativa
em comício na cidade de Camaçari, na Bahia: “ninguém foi mais de esquerda do
que Jesus Cristo”. A fala de Lula não foi despretensiosa; ele levantou o debate
justamente para o público evangélico do país que hoje retiraram Jesus Cristo
das igrejas e colocaram o Bezerro de Ouro da atualidade nos púlpitos.
A afirmação "Jesus é de
esquerda" chama atenção para a polêmica política porque ela desafia as
interpretações tradicionais e conservadoras do cristianismo, especialmente em
um contexto onde a religião é frequentemente usada para justificar posições
políticas de direita. Jesus Cristo, em sua vida e ministério, demonstrou uma
clara preferência pelos pobres e marginalizados, como evidenciado em suas ações
e ensinamentos. Ele curou os doentes, alimentou os famintos e pregou sobre a
importância de amar o próximo e ajudar os necessitados. Essas ações são vistas
como um alinhamento com os princípios da Teologia da Libertação, que enfatiza a
justiça social e a defesa dos oprimidos. No entanto, a frase também desvia a
atenção do estudo bíblico profundo da vida de Cristo. Em vez de focar nas ações
e ensinamentos de Jesus, a discussão muitas vezes se torna uma batalha
ideológica. A Teologia da Libertação, que surgiu nos anos 60 e se popularizou
no Brasil nas décadas de 70 e 80, busca resgatar o verdadeiro significado dos
ensinamentos de Jesus, destacando sua missão de justiça social e solidariedade
com os pobres. Ao afirmar que "Jesus é de esquerda", o objetivo é
provocar uma reflexão sobre como os valores cristãos podem e devem ser
aplicados na luta contra a desigualdade e a injustiça, mas isso muitas vezes é
ofuscado pela controvérsia política.
A afirmação de que
"ninguém foi mais de esquerda do que Jesus Cristo" encontra respaldo
em diversos exemplos bíblicos que destacam a preocupação de Jesus com os pobres
e marginalizados. No Sermão da Montanha, Jesus proclama: "Bem-aventurados
os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus" (Mateus 5:3). Ele
também enfatiza a importância de ajudar os necessitados em Mateus 25:35-36,
onde diz: "Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes
de beber; era estrangeiro, e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; adoeci,
e me visitastes; estive na prisão, e fostes ver-me." Esses ensinamentos
refletem uma clara opção preferencial pelos pobres. Além disso, Jesus
demonstrou seu compromisso com a justiça social em várias de suas ações. Ele
expulsou os cambistas do templo, denunciando a exploração econômica e a
corrupção religiosa (Mateus 21:12-13). Em Lucas 4:18-19, Jesus declara sua
missão: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para
evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração
da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e proclamar o ano
aceitável do Senhor." Essas passagens bíblicas evidenciam que a vida e os
ensinamentos de Jesus estavam profundamente enraizados na defesa dos pobres e
oprimidos, corroborando a visão de que sua mensagem possui um forte viés de
justiça social.
Partidos de esquerda
frequentemente defendem políticas que visam a justiça social, a igualdade
econômica e a proteção dos direitos dos mais vulneráveis, refletindo os
ensinamentos de Jesus Cristo sobre cuidar dos pobres e necessitados. Assim como
Jesus pregou sobre a importância de alimentar os famintos, vestir os nus e
acolher os estrangeiros, partidos de esquerda promovem programas de assistência
social, saúde pública, educação acessível e direitos trabalhistas para garantir
que todos tenham uma vida digna e justa. Essas ações são vistas como uma
extensão moderna dos princípios de compaixão e solidariedade que Jesus
exemplificou em sua vida e ministério.
Dimas Roque.
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