Desde 2021, o Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) de Petrolina tem conduzido um trabalho pioneiro em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), envolvendo o monitoramento de abelhas em áreas de conservação. O projeto conta com a colaboração do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE) e do Centro de Biodiversidade do Cerrado (CBC), duas importantes instituições de conservação ligadas ao ICMBio.
De acordo com a pesquisadora do Cemafauna, Aline
Andrade, o foco do projeto é o monitoramento das abelhas em dois ecossistemas
cruciais: as Unidades de Conservação da Ararinha Azul e o Parque Nacional do
Boqueirão da Onça, ambos na Caatinga. “A pesquisa busca identificar as espécies
de abelhas presentes, destacando as endêmicas e aquelas em risco de extinção.
Além disso, o estudo também avalia como essas espécies variam ao longo das
estações seca e chuvosa, fornecendo dados essenciais sobre a conservação dos
polinizadores”, destacou Aline.
No caso das áreas de preservação da Ararinha-azul
(Cyanopsitta spixii), o projeto vai além do monitoramento. Ele também realiza o
manejo de abelhas africanizadas, que competem por cavidades em árvores com aves
da família dos psitacídeos, como papagaios, maracanãs e a própria
Ararinha-azul. O manejo evita que essas abelhas ocupem os locais que poderiam
ser usados pelas aves para nidificação (construir ninhos), garantindo a
preservação das espécies ameaçadas.
Outro aspecto fundamental dessa iniciativa é a sensibilização
das comunidades locais, conforme reforça a coordenadora do Cemafauna, Patrícia
Nicola. “Em agosto deste ano, o Cemafauna iniciou oficinas com os moradores das
unidades de conservação da Ararinha-azul, abordando temas como a alfabetização
ecológica. As oficinas discutem as mudanças climáticas no chamado ‘novo árido’,
os impactos na biodiversidade e na segurança alimentar, além da relevância das
abelhas para a produção de alimentos e a manutenção dos ecossistemas”,
ressaltou Patrícia.
As oficinas destacam a Meliponicultura, que envolve
a criação de abelhas nativas sem ferrão, e ensinam as comunidades sobre os
benefícios de produtos como mel, própolis e pólen para a biodiversidade e o
desenvolvimento sustentável. Em outubro, haverá a distribuição de caixas para a
criação de abelhas, com capacitações para o manejo. Além disso, as atividades
lúdicas com crianças incentivam o contato com as colônias de abelhas,
promovendo o engajamento das novas gerações na conservação. Essa iniciativa é
um marco na união de ciência, sustentabilidade e conservação no sertão.
Texto: Jaquelyne Costa
Assessora de Comunicação do Centro de Conservação e
Manejo de Fauna da Caatinga (Cemafauna/Univasf)
Fotos: Arquivo Cemafauna
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