Iniciativa pioneira vai possibilitar a criação de uma rede de informação para conectar dados dos usuários de GNV, reduzindo as instalações clandestinas e ampliando a segurança dos cidadãos |
A Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE) e o Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) assinaram nesta
terça-feira (05) o termo de cooperação para ampliar a segurança das instalações
de gás natural veicular (GNV) no Brasil. O evento, realizado em Brasília (DF),
reuniu autoridades e representantes do segmento de inspeção veicular.
O presidente da FENIVE, Everton Pedroso, destacou que esse é um
momento histórico para o segmento de inspeção veicular e uma conquista para
toda a sociedade, uma vez que essa iniciativa irá impactar diretamente numa
maior fiscalização dos veículos que são abastecidos por GNV, reduzindo o número
de acidentes. “Em quase todos os acidentes envolvendo GNV, a origem do problema
está na irregularidade da instalação. Ou são instalações clandestinas ou são
automóveis que não estão cumprindo o calendário de inspeção veicular
obrigatória, que é uma exigência para garantir a segurança em veículos que
passaram por modificações em suas características originais”, argumentou.
Para o presidente do INMETRO, Márcio André Oliveira Brito, essa
é uma oportunidade de unir o conhecimento técnico do órgão à experiência da
FENIVE para garantir um grande salto de qualidade para o setor e toda rede
envolvida com gás natural veicular no país.
PROTOCOLOS
As tratativas para o termo de cooperação entre a FENIVE e o
INMETRO começaram há cerca de três anos. O documento estabelece diretrizes e
protocolos para inspeções veiculares padronizadas em todas as regiões do
Brasil, seguindo as normativas da ABNT e ampliando a fiscalização dos veículos
que utilizam esse tipo de combustível. “Essa é uma ação pioneira e que vai
possibilitar a criação de uma rede de informação para conectar dados dos
usuários de GNV, dando mais segurança para os cidadãos e para toda a cadeia
produtiva”, enfatizou Pedroso.
O diretor executivo da FENIVE, o engenheiro mecânico Daniel
Bassoli, explicou que os dados obtidos a partir de agora servirão de base para
entender o atual panorama da inspeção veicular e ainda serão utilizados para
desenvolver um software que irá permitir a rastreabilidade dos cilindros e
demais componentes utilizados nos kits GNV. “São equipamentos que têm um prazo
de vida útil e isso precisa ser respeitado para garantir a segurança dos
usuários. Além disso, é uma forma de evitar o uso de peças oriundas de
sinistros ou roubos”, comentou.
MERCADO
O GNV ganhou popularidade graças à praticidade e economia. Em
comparação com os combustíveis líquidos, o GNV pode representar uma economia de
até 40%, dependendo da configuração do motor e dos preços dos demais
combustíveis. No Brasil, de acordo com dados da Secretaria Nacional de Trânsito
(Senatran), existem cerca de 2,6 milhões de veículos utilizando o gás natural
veicular como combustível.
O uso do GNV tem vantagens, mas implica em alterações na
estrutura original do veículo. Por isso, a conversão do veículo e a instalação
do kit GNV só pode ser feita em oficinas credenciadas pelo INMETRO. Por essa
razão, também é necessária a inspeção veicular anual para garantir que o carro
está em condições adequadas de trafegar.
Em pesquisas feitas em postos de combustíveis de todo o Brasil,
utilizando a base de dados dos organismos de inspeção veicular, constatou-se
que cerca de 40% dos veículos que abasteceram com GNV estavam irregulares.
“Alguns estados já possuem leis específicas para proibir que aqueles que não estão
em ordem sejam abastecidos, mas infelizmente a fiscalização ainda é precária e
o que predomina é o interesse financeiro”, afirmou Bassoli. Ele destacou, no
entanto, que o termo de cooperação dará mais ferramentas para coibir as
irregularidades em todo o país.
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