Josepha Manuela Leão, juazeirense, filha do
jornalista Manoel Leão, apresentou seu TCC - Trabalho de Conclusão do Curso de
Oceanografia da UFBA, no último dia 24, recebendo da banca examinadora a nota
9.
O trabalho, intitulado “Metais
potencialmente tóxicos e REE em sedimento, raízes e folhas em áreas com
influência de drenagem ácida de mina e área controle, na região carbonífera de
Santa Catarina”, analisa amostras de sedimento, folha e raiz coletadas em
Araranguá (Balneário de Ilhas), Urussanga (Barra do Torneiro) e Siriú
(Garopaba), áreas turísticas do sul de Santa Catarina, foz de rios que
atravessam a região extratora de carvão no estado e foi orientado pela
Professora Vanessa Hatje, Doutora em Oceanografia Química pela Universidade de
Sidnei, Austrália.
Em quase cem páginas, o trabalho elaborado ao
longo dos últimos três anos, demonstra de forma inequívoca, com dados e
análises cientificas realizadas no CIEnAm - Centro Interdisciplinar de
Energia e Ambiente da Universidade Federal da Bahia, a crescente contaminação
de plantas e terreno por metais tóxicos nestas áreas, oferecendo risco aos
animais e seres humanos.
Na conclusão a Oceanógrafa Josepha Leão não
hesita, ao citar Pearson: “Com base no índice de geoacumulação, podemos
observar que as três áreas amostradas apresentam, incluindo Siriú que era
considerada área controle, algum nível de contaminação. Ademais, todas as áreas
estudadas apresentaram concentrações acima do aceitável pelo órgão regulador”.
Lembrou que a foz dos rios estudada fica
distante das minas de carvão o que pressupõe uma contaminação bem maior ao
longo dos leitos dos rios e nas proximidades das minas.
A banca examinadora, composta pela professora
da Universidade Federal de Pernambuco; Doutora Laís Araújo e Paulo Antunes
Horta, pós Doutor pela Plymouth University, Inglaterra, destacou o
ineditismo do estudo realizado, ressaltando a importância desta conscientização
para a criação e execução de políticas públicas que sejam capazes de controlar
o crescente envenenamento destas áreas, voltadas para o turismo, o que causa
danos à saúde de animais e seres humanos.
Josepha Leão, a segunda oceanógrafa
juazeirense, que deve iniciar o mestrado no início do ano de 2024, é
pessimista: “A degradação é um processo inerente à atividade de mineração do
carvão e a sua intensidade depende do volume explorado, do tipo de mineração e
dos rejeitos produzidos. Em 1980, a bacia carbonífera do sul de Santa Catarina
foi classificada como a XIV área crítica nacional para fins de controle da
degradação ambiental, a tornando uma área de prioridade para a recuperação do
equilíbrio ecológico” – lembrando que em mais de 40 anos desta definição de
área crítica, apesar de esforços e relatórios das universidades, nada foi realizado
para diminuir os efeitos catastróficos da degradação ambiental.
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