‘Viagens no tempo’ é um programa de
mediação cultural aprovado no Edital Setorial de Museus 2019 do Fundo de
Cultura da Bahia
As carrancas, as embarcações e os trilhos
de trem que cortam a cidade de Juazeiro da Bahia são patrimônios que guardam
sua história e contam sobre seu povo. Esses bens são celebrados hoje (17), Dia
do Patrimônio Histórico e estudantes de escolas municipais de Juazeiro estão
tendo a oportunidade de conhecer um pouco mais de perto a Cultura do Sertão do
São Francisco, através da visita ao Museu Regional do São Francisco, que é uma
ação do projeto ‘Viagens no Tempo’.
As crianças da Escola Municipal Educandário
João XXIII foram as primeiras a embarcarem nesta viagem, que iniciou ontem (16)
e chegará ao final no próximo dia 31. A proposta é atender 100 crianças por dia, com duas
sessões de 50 participantes, totalizando mil estudantes contemplados/as nos 10
dias de atividades. O apito da locomotiva toca às 08:30 anunciando que é hora
da primeira turma iniciar sua viagem. Logo mais tarde, às 10h, o apito avisa
que chegou o momento da segunda turma visitar o museu.
Durante o tour, as/os pequenos/as
visitantes conhecem o acervo que contém fotografias, pinturas, equipamentos
náuticos do Rio São Francisco, louças, estandartes, cartas, entre outras peças;
e escutam e interagem com a contação de história que envolve o Velho Chico e
suas lendas. Além da visita guiada, o projeto produziu um livrinho para
distribuir para as crianças. O material educativo mostra outros pontos
culturais da cidade e rememora a ida ao museu, a partir de atividades
contextualizadas, como caça-palavras e espaço para desenhos. Toda essa
metodologia visa fortalecer os laços dos/das estudantes com a cultura local e
sua história, além de contribuir com a formação de futuros/as cidadãos e cidaãs
que valorizem o patrimônio histórico e imaterial da região.
O trem que viaja no tempo
As crianças não esconderam o encantamento
com o que viram. Um momento especial despertou o olhar curioso de Paula Fernanda, 10 anos. “A contação de
história foi muito legal, a lenda do rio”, conta a estudante que nunca tinha
ido ao museu. “Eu não sabia que tinha um museu aqui”, acrescenta. Na mesma
turma, o estudante José Heitor, 09 anos, destaca os objetos como elementos que
aguçaram seu olhar.
“As crianças sempre tem um olhar curioso e
atento, muito encantado com os objetos, pois é algo anterior ao tempo deles.
Muitas perguntaram de onde vinham e relataram já terem visto alguns objetos e
imagens parecidas nas casas de seus avós ou na própria casa”, comenta Mary Ane
Nascimento, mediadora cultural que guiou a turma durante a visita.
Objetos que estão carregados de memória e
elementos históricos podem contribuir para o processo de aprendizagem e para o
desenvolvimento dos conteúdos curriculares trabalhados pelas escolas. “Essa
iniciativa é de suma importância, até porque traz o resgate das raízes, das
origens. Eu sempre valorizo muito o estudo do contexto. Estudar primeiro no
contexto qual a criança está inserida para que ela conheça um pouco da sua
história”, declara o educador Emanuel Ferreira da Silva, que levou os alunos
para o passeio. Ele complementa que a
visita ajuda a compreender as questões antropológicas, históricas e
sociológicas do território, afirmando que isso vai ajudar as crianças a
“valorizarem esse momento atual, valorizarem mais o local onde vivem".
A gestora da escola contemplada, Cristiana
Coelho, acrescenta que a contação de história, realizada pela Trup Errante,
enriquece ainda mais a atividade. “A contadora traz para nossas crianças as
lendas do Velho Chico, de uma forma que os alunos brilham o olhar e a gente
percebe realmente que eles entenderam. O encantamento é de uma maneira assim
brilhante”, afirma a gestora.
A seleção das escolas se deu a partir da
Secretaria Municipal de Educação, parceira do projeto, que foi aprovado no
Edital Setorial de Museus 2019 do Fundo de Cultura da Bahia e Instituto do
Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC. ‘Viagens no Tempo’ é realizado
pela Pipa Produções e conta com a parceria do Museu Regional do São Francisco.
Para Rosy Costa, diretora do museu, a proposta do projeto é interessante e, no
formato que está sendo executado, coopera para fortalecer a visão dos
instrumentos culturais como espaços vivos. “A movimentação com as crianças, com
as escolas é muito boa. Os espaços são vivos, é um trabalho muito legal”,
declara Rosy.
AsCom Agência Chocalho
Fotos: Tássio Tavares
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