Um grupo de pesquisadores alertou ontem (19) no jornal médico “The
Lancet” que algumas das vacinas contra a Covid-19 atualmente
em desenvolvimento podem aumentar o risco de infecção
por HIV, potencialmente levando a um aumento na incidência da
doença à medida que as vacinas são lançadas para populações vulneráveis ao
redor do mundo.
Os pesquisadores falam sobre os
esforços para criar uma vacina contra o HIV há mais de uma década, em que uma
vacina candidata promissora na verdade aumentou o risco de alguns homens
pegarem o vírus. No caso específico, a vacina fez uso de um vírus modificado
chamado adenovírus 5 (Ad5) como
vetor para transportar parte do material genético do HIV para o corpo.
Não se sabe exatamente como a vacina aumentou os riscos de
transmissão do HIV, mas uma conferência convocada pelo Instituto Nacional de
Saúde dos EUA (NIH, na sigla em inglês) recomendou contra o uso futuro do Ad5
como um vetor em vacinas contra a Aids –Anthony Fauci, principal autoridade em
doenças infecciosas dos Estados Unidos, foi o autor principal do artigo que
descreve a ocorrência.
O Ad5 é usado como um vetor em
algumas vacinas desenvolvidas contra a Covid-19 –a “Science” identifica quatro
candidatas, que estão atualmente passando por testes clínicos em vários países
ao redor do mundo, incluindo os EUA, com dois testes de fase 3 em grande escala
em andamento na Rússia e no Paquistão.
Os pesquisadores enfatizaram a
necessidade de compreender o papel que o Ad5 pode desempenhar no aumento dos
riscos de HIV em populações vulneráveis antes de desenvolver e implantar
vacinas que o utilizem. Eles acrescentam que os documentos de consentimento
informado devem refletir a “literatura considerável” sobre o risco de aquisição
de HIV com vetores Ad5.
Muitas vacinas usam vírus
modificados para transportar material para o corpo humano. Alguns utilizam um
adenovírus modificado para fazer isso, um vírus que geralmente é inofensivo,
exceto pela capacidade de causar o resfriado comum. Alguns dos principais
candidatos para vacina contra Covid-19, incluindo Johnson & Johnson e
AstraZeneca, usam adenovírus como vetores. Não há evidências de que esses
aumentem o risco de infecção pelo HIV.
Os autores disseram que foram a
público porque as vacinas com Ad5 para Covid-19 podem em breve ser testadas em
populações com alta prevalência de HIV. Lawrence Corey, um dos autores que
agora colidera a rede de prevenção à Covid-19 nos EUA e está testando vacinas
em nome do NIH, disse à “Science” que, se ele estivesse em um país da África
Subsaariana, onde há uma alta prevalência do HIV, “não teria por que escolher
um vetor Ad5 (vacina) quando há muitas outras opções alternativas.”
FORBES
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