A eclosão da greve dos caminhoneiros possui uma verdadeira face que é o embate entre os dois modelos de política macroeconômica que foram executados no país pelos governos LULA/DILMA e o atual no governo TEMER. Nos governos LULA/DILMA foram utilizados instrumentos de política macroeconômica para amortecer as oscilações cambiais no preço do barril do petróleo de forma que o mesmo não influenciassem de forma tão significativa no preço final ao consumidor. Tudo isso exigia um sincronismo entre a diretoria da Petrobras e a equipe econômica do governo federal. O eixo central era que os preços deviam estar vinculados à política macroeconômica, guiada a partir de Brasília. O uso desse instrumento de amortecimento de preços dos combustíveis, alguns estimam que governo/Petrobras tiveram que gastar US$ 40 bilhões para conter as oscilações. Essa medida só é menor quando comparado com o uso de reservas cambiais no governo FHC que gastou US$ 60 bilhões de dólares para manter a paridade cambial de um dólar/um real (um pra um).
Com isso vale mostrar que o uso dos instrumentos de política macroeconômica pelos governos, são comuns à medida que existem objetivos estratégicos e claros a serem alcançados. Vale salientar que ambos buscavam evitar contaminação inflacionária. Um através do cambio diretamente e outro através do combustível nos tempos recentes.
Após assumir o Palácio do Planalto, Michel Temer altera a modelagem de reajustes de preços dos combustíveis em outubro de 2016 e acentua em julho de 2017. Essa mudança vinculou o preço do combustível na bomba às oscilações no mercado de câmbio a partir da relação entre o Real e o Dólar, sofrendo interferências diretas do valor do barril de petróleo a nível internacional e o preço do dólar no mercado doméstico, além da estrutura tributária existente.
Esse modelo implantado pelo Governo Temer passou a usar os preços de mercado, de acordo com as oscilações “normais” do petróleo a nível internacional. Não é possível esquecer que o petróleo é definido por um cartel internacional a partir da Organização dos Países Produtores de Petróleo – OPEP, o qual estabelece cotas de produção para cada país e define seu preço.
Assim, no Modelo Temer, enquanto o petróleo estava a US$ 40,00 dólares o barril não eram tão visíveis as distorções e equívocos do modelo de livre mercado no setor. Porém, a medida que passamos a ter um ambiente mais instável no Oriente Médio e elevação do barril para um patamar próximo de 80 dólares o modelo de livre mercado vai se mostrando insustentável.
A escolha realizada pela equipe econômica do Governo Dilma estava correta para evitar espalhamento das oscilações de preço do petróleo pelo conjunto da economia que poderia provocar consequências inflacionárias, tornando muito maior o prejuízo e reduzindo o poder de compra do conjunto da população, sobretudo os de renda mais baixa. Isso é uma formula clássica de política macroeconômica. A Petrobras foi criada para auxiliar o governo no desenvolvimento do país e para ajudar na execução da política macroeconômica do governo. Os economistas liberais ou ortodoxos são totalmente contrários a isso, por isso a escolha implantada pelo Governo Temer pela modelagem de livre mercado de preços dos combustíveis.
Assim, a greve dos caminhoneiros expôs de forma clara o equívoco do modelo de livre mercado para modelar o reajuste dos combustíveis. Teremos nos próximos meses, a partir da sucessão presidencial, um intenso debate acerca do tipo de Estado que a população deseja e atenda melhor a sua realidade e a realidade do país. Enfim, teremos um longo caminho.
Geraldo F. S. Junior
Professor de Economia.
Faculdade Maurício de Nassau-Petrolina.
Professor de Economia.
Faculdade Maurício de Nassau-Petrolina.
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