Moradores denunciaram que traficantes da Cidade Alta, em Cordovil, na Zona Norte do Rio, realizaram no último Dia das Crianças uma festa na comunidade.
Em fotos enviadas para o WhatsApp deste Colunista (que é nascido e criado no Rio de Janeiro), é possível observar nas fotos que até uma piscina foi montada para as crianças.
Também segundo os relatos dos ouvintes e pelas imagens enviadas, diversos brinquedos foram distribuídos.
É óbvio que todos nós à essa altura da leitura dessa matéria transformada em artigo sabemos que a procedência desses brinquedos é duvidosa. Imaginem vocês: como foi que esses traficantes conseguiram “arrecadar” tamanha “doação?” Coisa oriunda de ROUBO certamente.
Porém, isso me faz refletir algo ainda tão lamentável quanto a ação desses “generosos” traficantes: a total ausência do Poder do Estado nessas comunidades!
Ora, onde o poder público na instrumentalidade de uma Secretaria de Ação Social não consegue atuar de forma protocolar e de ordem, o PODER DO TRÁFICO desempenha seu papel de forma “eficiente e salutar!” Imagine só o pensamento de cada criança que recebeu seu brinquedinho e assim pode comemorar com seus pais o seu dia? Imaginem ela pensando no mais recôndito de seu sincero, ingênuo e humilde coraçãozinho dizendo: “puxa vida, como o tráfico de drogas gosta de nós, crianças!”
Como você reagiria sendo um pai como eu (ou mãe) aos contemplar os olhinhos brilhosos e cândidos de seu filho ou sua filha recebendo uma bicicleta ou um brinquedo desses oriundo de roubo? Será que você conseguiria impor sua autoridade de pai ou de mãe honestos e politicamente correto ao dizer para seu filho que não é lícito receber um “presente desses?”
Imagine você que está lendo essa reflexão agora dentro dessa cena dizendo: "Por favor meu filhinho, não queira receber esse presente da festinha do tráfico não, sabe por que? Porque isso não é correto! O motorista que estava dirigindo o caminhão que transportava esse brinquedo foi morto para você agora brincar com o mesmo..." Você acha que seu filho ou filha iria compreender tamanha tragédia embutida dentro desse “enlevo infantil?”
Agora pare para pensar em algo mais grave: Que tipo de cidadãos brasileiros teremos daqui ha uns quinze anos ao serem “gerados e criados” sob o poder do crime, ainda de forma não direta como no caso dessa crianças da Cidade Alta no Rio de Janeiro? Quais serão os valores que elas terão quando adultas se tornarem?
Termino aqui dizendo que se há algum culpado, primeiramente digo que é culpa de um Estado ineficiente. Mas também não descarto a conivência (ou medo) de moradores que fazem vista grossa ao permitir que suas crianças recebam esses presentes e brinquem celebrando seu dia sob o patrocínio do tráfico de drogas!
Infelizmente nós brasileiros estamos ainda reféns de duas modalidades do Crime: Os criminosos de paletó e gravata que nos governam em Brasília e... Os criminosos de bermudão grungue e sem camisa que governam os morros das grandes metrópoles.
Segue o fluxo minha gente!
ERRY JUSTO.
Radialista e Jornalista.
